domingo, 16 de agosto de 2009

Você sabe o que é Mandinga?


“Quem não pode com mandinga, não carrega patuá”, diz uma antiga expressão, hoje muito usada como sinônimo de outra coisa que diz: “quem não tem competência, não se estabelece”.Comete engano quem acre­di­ta que a expressão esteja referin­do a mandinga como feitiço, ebó, ‘coisa feita’, etc. Mandinga é um grupo (ou na­ção) africano do norte que por sua proximidade com os árabes aca­bou por se tornar mu­çulmano e, sendo esta uma religião fanati­zante, seus adeptos têm verdadei­ro ódio aos que não aceitam Alá como Deus ou Maomé como seu profeta.Com o desenvolvimento do trá­fico de escravos, muitos negros mandingas vieram parar nas Amé­­ricas, vítimas que foram da ambição dos brancos. Por serem os negros mandingas muçulma­nos, muitos desses escravos sa­biam ler e escrever em árabe, além de conhecer a matemática melhor do que os brancos, seus senhores, e este estado superior de cultura de um determinado grupo negro fêz com que fossem tidos como feiticeiros, passando a ex­pres­são mandinga a sinônimo de feitiço.
Por outro lado, os negros que praticavam o culto aos Orixás eram vistos como infiéis pelos ne­gros mulçumanos. O branco, apro­veitando-se dessa rivalidade e confiando aos mandingas fun­ções superiores que os demais, fazia a animosidade entre eles crescer. Os mandingas não eram obrigados pelos brancos a ingerir restos de carne de porco, e até mesmo permitiam que estes trou­xes­sem trechos do Alcorão en­cerrados em pequenos invólu­cros de pele pendurados ao pescoço. Geralmente eram os mandingas quem acabava ocupando o lugar de caçadores de escravos fujões, os chamados “capitães-do-mato”.
Por isso, quando um negro pre­tendia fugir, além de se prepa­rar para lutar sem armas através da capoeira e do maculelê, ele dei­xava o cabelo carapinha e pen­durava ao pescoço um patuá, de forma que pensassem tratar-se de um mandinga, para não ser per­se­guido. Todavia, se um verda­deiro mandinga o abordasse e ele não soubesse responder em ára­be, o verdadeiro mandinga des­car­re­garia todo seu furor nesse in­fe­liz negro fujão.Daí nasceu a expressão “quem não pode com mandinga, não carrega patuá”.
A vingança a quem se atre­vesse a portar um falso objeto considerado sagrado pelo muçul­mano era qualquer coisa de ter­rível. Mais tarde, porém, o hábito de utilizar patuás entre negros foi se generalizando, pois estes acre­ditavam que o poder dos man­dingas era devido, em grande par­te, aos poderes do patuá. Por outro lado, os padres também uti­li­zavam, e ainda hoje utilizam, cru­cifixos e medalhas, Agnus Dei, etc., que, depois de benzidos, a maio­ria das pessoas acredita pos­sam trazer proteção aos devo­tos nelas representados.Nos primeiros terreiros de Can­domblé que se organizavam, era comum o pedido de patuá por parte dos simpatizantes e até mes­mo por aqueles que temiam o culto afro, pois dizia-se que o patuá poderia até mesmo neutra­lizar trabalhos de magia negra.MAS, AFINAL, O QUE É PATUÁ?
O patuá é um objeto consa­grado que traz em si o aché, a força mágica do Orixá, do santo ca­tólico ou Guia de luz, a quem ele é con­sagrado.Entre os ca­tólicos já era há­bito usar um frag­mento de qual­quer objeto que houvesse perten­cido a um santo ou a um papa, até mesmo fragmento de ossos de um mártir ou lascas de uma su­posta cruz que teria sido a de Cristo. Até mesmo terra, que era trazida pelos cruzados que volta­vam da Terra Santa e que a utiliza­vam nesses relicários, considera­dos poderosos amuletos, que de­ve­riam atrair bons fluidos e prote­ger dos azares.O nome relicário é originário de latim relicare-religar, que aca­bou formando a palavra relíquia.Logo o clero percebeu que não po­deria impedir o uso dos patuás pelos negros, que os tiravam an­tes de entrar na igreja, mas vol­tavam a usá-los ao afastar-se de­la. Decidiram, então, substituir o patuá africano (o autêntico), que tra­zia trechos do Alcorão, por outro que trazia orações católicas, me­da­lhas sagradas, Agnus Dei (uma espécie de medalha com o forma­to de coração, que se abre ao meio, onde se encontram as figu­ras de Jesus e Maria ou ainda sím­bolos da Igreja tradicional).Com a formação dos primei­ros templos de Umbanda e a possibilidade de um contato mais estreito com diversas Entidades es­pi­rituais, as pessoas que bus­ca­vam proteção começaram a en­con­trar nesses objetos sagrados um apoio (era algo material que continha a força mágica vibratória da entidade que o trabalhara e que o crente poderia ter sempre con­sigo). A partir daí, as entidades de luz passaram a orientar sua ela­boração, indicando quais objetos seriam incluídos na confecção do patuá e como se deveria proceder com eles para que recebessem o seu aché, isto é, a força mágica.
Os ingredientes geralmente mais utilizados para a confecção dos patuás são os seguintes:Figas de guiné; Cavalos ma­rinhos; Olhos de lobo (raros e ca­ros); Estrela de Salomão; Estrela da guia; Cruz de caravaca; Couro de lobo; Pêlo de lobo; Santo Anto­nio de guiné; Imagens de Exu e Pom­ba Gira da Guiné; Pontos di­versos; Orações; Sementes varia­das; Imãs, etc.Não nos esqueçamos que es­sas coisas singelas não têm ne­nhum valor se não forem pre­paradas pelas entidades incorpo­rantes. Somente estas podem dar o aché ao patuá.Trechos do livro “Iniciação à Umbanda” vol. 2 – Tríade Editora de Pai Ronaldo de Linares e Diamantino Fernandes Trindade.A coleção completa dessa obra, que é composta por 9 volumes, está em processo de revisão para futuro lançamento pela Editora Madras, aguardem!
Macumba, macumbeiro, encosto, olho gordo, mal olhado, mandinga, etc. etc. etc. São tantas as palavras para designar as más energias… e as boas energias? Não se fala Boacumba, bomcumbeiro, olho magro, bom olhado, boandinga… Essas eu realmente não ouvi.
Percebo como o homem tem um “lócus de controle externo”. Afinal, é muito mais fácil acreditar que não temos erros e que a culpa é do encosto.
- Não tenho emprego, meu chefe me persegue, minha mulher é uma bruxa, sou bêbado, os caminhos estão fechados (essa todo umbandista já ouviu). Tudo isso é culpa do tal encosto.
Poderosos esses encostos…
Nós esquecemos do nosso livre e arbítrio. Esquecemos que somos imperfeitos.Esquecemos que erramos. Esquecemos que estamos vivos para aprender, crescer em direção ao Criador. Esquecemos que podemos errar. “Errar é humano!”. Colocar a culpa “nos outros” é feio…
Certamente existem os trabalhos feitos. As famosas macumbas – diga-se de passagem, macumba é um instrumento musical – são simplesmente “bombas” energéticas endereçadas e programadas para estourar para quem desejamos o mal.
Despachos, galinhas pretas, nome na boca do sapo, fitas amarradas nas vísceras de alguns animais. A imaginação desses “pais-de-encosto” é fértil! Haja criatividade, tempo e pessoas incautas que se prestam a pagar por esse tipo de “trabalho forte”.
Esquecem-se que a maior magia vem do coração, da alma, do pensamento. Magia é fazer orações para alguém parar de beber. É clamar por melhores condições no emprego (e claro, trabalhar também), é tentar convencer de que algo é melhor ou pior.
A magia está no pensamento, a nossa vontade. A pior “macumba” é aquele pensamento fixo em prejudicar alguém. Muito mais forte que qualquer trabalho encomendado.
Outro dia, Pai Joaquim do Cruzeiro das Almas, com seu jeito inerente a todo preto-velho, apenas disse: “Filho, cada pensamento ruim contra alguém, é como se fosse um pedaço de carvão que você pega e tenta atirar num pano limpo, que está colocado longe de você. Ao terminar de atirar várias pedras de carvão, você vai estar mais sujo que o pano.”
Em outra ocasião perguntaram a ele se macumba pegava. A resposta: “Se o pano estiver muito próximo de quem está atirando o carvão, então mais sujo ele vai ficar…”
Acho que essas palavras simples e sábias podem esclarecer o que devemos fazer para ficarmos imunes as energias de baixa freqüência.
Devemos deixar o “pano” longe do carvão. Elevar nossos pensamentos, permanecer ligados ao Grande Mestre. Trabalhar nosso “lócus de controle interno”. Reconhecer nossas limitações e tentar eliminá-las. Viver na alegria. Cantar em dias ensolarados. Correr na chuva. Rir, abraçar, beijar, sentir saudades, comemorar, sentar na praia, conversar com os amigos. Fazendo isso, estamos fazendo um trabalho forte. Um trabalho FORTE (com letras maiúsculas). Fechando nossocorpo das “macumbas”. Quebrando trabalho de feitiçaria “braba”!
Simples não?

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